Tipo de Rochas: A Praia do Telheiro é composta por duas sequências sedimentares principais, as quais se encontram separadas por uma discordância angular. Esta é caracterizada por existir uma diferença de inclinções entre as camadas sedimentares de base e topo. Estas discordâncias podem ser originadas por diversos fenómenos geológicos e está-lhes sempre associada uma falta de registo litológico (lacuna temporal), provocada pela erosão da unidade inferior e/ou ausência de sedimentação durante um longo período de tempo.
Ambiente de Formação: A primeira sequência é composta por xistos argilosos e grauvaques, que foram formados em meio marinho profundo, por ação de correntes de turbidez durante o Carbónico Médio (~320-315 Ma). A segunda sequência composta por arenitos, argilitos, siltitos, margas e evaporitos foi depositada no Triássico Superior (237 a 200 Ma) num ambiente sedimentar continental fluvial, que promoveu a oxidação dos sedimentos, tornando-os avermelhados. Os arenitos e argilitos avermelhados resultaram da erosão e desgaste da Cordilheira Varisca e são conhecidos genericamente como “Grés de Silves”.
A topo destas sequências é possível observar-se, ainda, dunas consolidadas. Estas estão geralmente associadas a transporte e deposição de areia pelo vento em zonas litorais durante períodos de climas áridos a semi-áridos.
Paleogeografia: Este afloramento encapsula uma história geológica muito longa, durante a qual se verificou um ciclo orogénico (formação de cadeias montanhosas) que deu origem à Pangeia, bem como posteriormente a sua fragmentação. Por isso, a posição da Península Ibérica variou bastante durante estes processos, estando inicialmente no hemisfério sul, passando pelos trópicos até, por fim, chegar ao hemisfério norte.
No final do Triássico e início do Jurássico, o território de Portugal continental situava-se na periferia sudoeste de um maciço emerso, o Maciço Hespérico, que estava sujeito a distensão tectónica relacionada com a fraturação generalizada da Pangeia.
Modelo 3D
