Portela do Padrão

Período cronológico:  Neolítico, calcolítico

Condições da visita: Acesso livre

Descrição: A Portela do Padrão dá nome aos menires encontrados na zona de Bensafrim, junto à ribeira de Sabrosa do lado poente da grande falha de Bensafrim, em cima de pequenos relevos, a uma altitude acima dos 83 metros. Estes menires representam manifestações de caráter sócio-religioso, sendo construídos em calcário branco da região. No local, foi encontrado um grupo de menires tombados, visivelmente alinhados no sentido nordeste-sudoeste. O maior mede 1,90 metros, enquanto outro apresenta uma gravura retilínea e semicircular.

Uma imagem com ar livre, montanha, céu, natureza

Descrição gerada automaticamente

Contexto ambiental: Do V ao I milénio a.C., verificou-se uma progressão lenta da linha de costa e o início da formação dos estuários. Com a subida do nível do mar, as ribeiras aumentaram o seu caudal, resultando no alargamento das ribeiras de Odiáxere e Bensafrim. Os menires da Portela do Padrão estão localizados em solos arenosos e em zonas aluviais mais antigas, que caracterizam os terraços da zona do Odiáxere.

Interesse: Os menires, sejam em diferentes formas e dimensões, alinhados ou em cromeleques, representam manifestações de caracter socio-religioso, próprias das sociedades com uma economia de produção de recursos. Numa primeira fase do megalitismo, os menires seriam de pequenas dimensões – também conhecidos com bétilos – rudemente afeiçoados e encontrados próximos do mar, associados a uma ocupação dispersa. Apesar dos menires da Portela do Padrão terem sido alvo de poucos estudos, parecem corresponder a esta definição. 

Por norma a matéria-prima utilizada para a confeção dos menires seria local, constituída por rochas sedimentares provenientes do substrato geológico regional, neste caso o calcário branco da região. Perto do alinhamento dos menires encontram-se outros pedaços de calcário, certamente provenientes de outros megálitos.

Descoberta: As primeiras referências a menires no oeste algarvio devem-se a Estácio da Veiga que, no decorrer do seculo XIX, localizou no concelho de Silves os sítios de Monte Branco, Monte Roma, Monta da Pedra Branca e Cumeada. Mais tarde foi descoberto o povoado da Caramujeira (Lagoa) por Varela Gomes, Pinho Monteiro e Cunha Serrão, e que levou à posterior escavação do sítio na década de 1970. Na década seguinte foi a vez de Nunes da Glória, Estácio da Veiga, José Formosinho, entre outros descobrirem o sítio arqueológico de Alcalar (Portimão, Algarve). Mais tarde, este sítio veio a ser explorado em momentos diferentes do qual resultou o trabalho “Itinerários Arqueológicos do Alentejo e do Algarve”. Ainda assim, deve ser referido que o trabalho Varela Gomes, Luís Cabrita, Pinho Monteiro, João Luís Cardoso terá marcado então o final do seculo XX, onde desenvolveram várias descobertas sobre o megalitismo no sul da Península Ibérica.

Referencias bibliográficas:

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